Bom dia!
Awré!
As divindades do candomblé, Pais e Mães, representam elementos da natureza. Essa simbologia nos ajuda a compreender os elos fraternais que permeiam nossa existencia.
Nesse dia das Mães, comemorado numa semana onde a Terra sofreu grandes tremores em varias partes do mundo, consideramos que nao havia melhor momento para conhecermos melhor Mãe Nanã, a Deusa da vida e da morte.
Nanã, a Deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo. Quando Odudua separou a água parada e liberou do “saco da criação” a terra, no contato desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os grandes fundamentos de Nanã.
Nanã sintetiza morte, fecundidade e riqueza. O seu nome remete à pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos Jeje, da região do antigo Daomé, significa “Mãe”. Nessa região, onde hoje se encontra a República do Benin, Nanã é muitas vezes considerada a Divindade Suprema.
Sendo a mais antiga das Divindades das Aguas, ela representa a memória ancestral do nosso povo. É Mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê e Oxumaré, mas por ser a Deusa mais velha do candomblé, é respeitada como Mãe por todos os outros orixás.
Nanã é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte. Ela é a origem e o poder. Entender Nanã é entender o destino, a vida e a trajetória do homem sobre a terra, pois Nanã é a História. Nanã é a água da vida e da morte.
Nanã é o começo porque Nanã é o barro e o barro é a vida. Nanã é a dona do asè por ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência. E a senhora dos ibás que permite o (re)nascimento dos deuses e dos homens.
Nanã pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser humano para aqueles que encaram esse final como algo negativo, como um fardo extremamente pesado que todo o ser carrega desde o seu nascimento. Na verdade, as pessoas que praticam boas ações, que vivem preocupadas com a sua elevação espiritual e desejam ao próximo o mesmo que para si mesmos, só esperam da vida dias cada vez melhores e tem a morte como algo natural, inevitável e parte do ciclo da vida.
Nanã, a Mãe maior, é a luz que nos guia, o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e o próprio destino é conhecer Nanã, pois os fundamentos dos orixás e do Candomblé estão ligados à vida. A nossa vida é o nosso orixá.
É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nanã. Respeitada e temida, Nanã, Deusa das chuvas, da lama, da terra, Juíza que castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida.
Que esse dia das Mães, a sabedoria da anciã Nanã, cubra nossos oris e nos permita um recomeço. Que, cobertos por sua bençao, possamos compreender e respeitar a Terra, o ciclo da vida e os laços afetivos que nos faz a todos, irmaos.
Asè